sábado, 26 de setembro de 2015



Grupo Nós do fio
linha – trama – rede - tecido     
O grupo nasce em 2015 a partir do desejo de Daisy Viola de reunir artistas que utilizam fios e/ou tecidos como suporte ou meio de expressão na sua atividade, e que o resultado apresente valor artístico pelo seu conteúdo e subjetividade, fazendo com que o trabalho ultrapasse o limite da simples artesania de técnicas.
Este grupo tem como base o Atelier Livre. Com a possibilidade de uso do seu espaço físico, a ideia é disponibilizar uma agenda de atividades onde serão realizadas trocas de informações, relatos de experiências e atividades onde possamos desenvolver e resgatar o valor das linguagens têxteis e ampliar seu espaço no cenário artístico da cidade de Porto Alegre, resgatando inclusive o seu valor histórico no RS.
Este projeto tem como objetivo utilizar na arte contemporânea o uso de materiais milenares que ganham vida a partir da fibra; como o fio, a linha e o tecido na exploração das suas formas, cores, texturas e composição com outros materiais.
A partir da união de algumas artistas das quais seus trabalhos se manifestam através destes suportes o grupo se formou. Logo, se identificou outro aspecto relevante que conecta as mesmas; o estudo do feminino.
Então, oficializam-se as quatro integrantes fundadoras do grupo: Daisy Viola, Rosane Morais, Ana Nunes e Maísa Stolz.
Dentro das inúmeras possibilidades que a fibra e seus derivados podem oferecer dentro de um trabalho artístico, cada integrante têm sua forma de trabalho, técnicas, materiais e história de vida que se contempla em cada criação, mas, se apurarmos o olhar e percebermos as entrelinhas de cada artista, suas obras revelarão relações com a imagética da mulher, sua figura social e suas fantasias.
Daisy Viola, iniciou sua carreira artística aguçando seu olhar ao estereótipo imposto sobre a figura feminina, identificando como
rótulo deste trabalho a figura da boneca Barbie, símbolo da beleza ideal feminina no mundo moderno.
Passada esta necessidade de representação através da Barbie, a artista se voltou às mulheres reais que a cercavam em sua família.
Filha de um matriarcado se viu perdendo pelo tempo suas centenárias enquanto nasciam mais cinco novas meninas na família. Esta transição da vida inspirou uma nova fase artística na qual passou a usar bustos com papel e tecidos em forma de vestidos.
Estes trabalhos, intitulados “mulheres casca”, refletem histórias de vida contadas sobre os babados dos longos vestidos, referentes aos de prenda usados tradicionalmente pelas mulheres gaúchas do interior. Neles, Daisy deposita suas bonecas, tintas e objetos. Ao mesmo tempo em que traça histórias reais se questiona sobre quais os valores gostaria de repassar para a nova geração que começa a nascer em sua família.
Rosane Morais, parte literalmente da folha em branco, da folha de desenho que poderia virar um diário, um álbum, contar uma história, a sua própria história, seu dia-a-dia. Começa seu trabalho escrevendo em papeis um relato do que está acontecendo ao seu entorno, e quando se vê totalmente dentro deste caderno, ele toma outra dimensão e se transforma em um tipo de caderno de desenho em movimento.
A folha de papel passa a ser um tecido branco recortado em forma de capa, onde as pessoas também são convidadas a escrever, desenhar, interagir e até mesmo vestir estes “diários coletivos”.
Todo este processo parte do questionamento sobre a passagem do tempo através da pele; sobre o que nos envolve e como tratamos nosso corpo, o que vestimos para mostrar ou esconder nossa “casca” e o que o tempo revela através das nossas marcas corporais.
Seus primeiros trabalhos são compostos de bastidores de bordar, tule e linha branca. Bordava como linhas de expressão da
pele sobre o tule, aos poucos vai acrescentando fotos da família, da sua origem e suas marcas pessoais.
Rosane Morais nos aponta de forma muito sensível os ritos sociais femininos que se passam sobre a cor branca, os tules e as linhas costuradas como o tempo, nos expondo a linha da vida com seu início, meio e fim.
Ana Nunes nasceu entre os tecidos e linhas da mãe e avó costureiras. Cresceu no matriarcado de sua família composta unicamente por mulheres. Estudou o movimento feminista e tem idolatria pela figura da mulher em todos os aspectos.
Esta veneração vem com a convicção da artista de que tudo começa a partir da mulher, a mulher como geradora, não dispensando a presença masculina para dar o equilíbrio à vida.
Seu trabalho artístico se formaliza pela produção de “bonecos feito gente” nome intitulado pela própria artista, para suas criações a partir da imagem das pessoas que fazem parte do seu ciclo de amigos, parentes ou ídolos.
Com uma técnica muito peculiar, a artista modela suas esculturas com fibra têxtil, meia de nylon, linha e agulha, dando forma a personagens meticulosamente trabalhados.
Admiradora e estudiosa da Mitologia Grega e da arte, também apresenta em seu trabalho releituras de obras consagradas realizadas em crochê em modelagem tridimensional impecável.
Ana Nunes explora tanta expressão em seus bonecos que sua obra desperta sensações adversas a quem os vê. Sentimentos que vão da adoração ao espanto ou até mesmo ao medo, certificam que seus bonecos possuem uma magia singular.
Maísa Stolz, dentro do seu mundo particular cria suas esculturas híbridas de animais e seres humanos. Personagens fantasiosos surgem a partir de releituras de obras consagradas, fabulas, contos e lendas mitológicas.
As esculturas são modeladas em papel e fita plástica e posteriormente cobertas com massa de papel machê, técnicas que norteiam seu trabalho nos últimos cinco anos.
O acabamento das peças traz elementos naturais como pelos e penas bem como texturas acrílicas e tecido.
Além deste trabalho, a artista desenvolve o projeto “Maria de Pano” nascido da vontade de resgatar a tradição de fazer bonecas de pano no RS. Produzindo e dando oficinas para o incentivo desta prática.
Entre a elegância dos gatos e pássaros Dândis, Senhores Ovos, e sapos prícipes, Maísa Stolz constrói seu universo entre as fantasias de uma mulher adulta e as descobertas do mundo real.
A partir deste parâmetro sobre a proposta do grupo e suas integrantes, fica claro o uso do material em comum e o tema “feminino” permeando como consequência natural no trabalho destas a que transformam seus universos internos em expressões artísticas, pela simples e essencial necessidade de fazê-lo.
O grupo inicial está formado como uma semente plantada que tem a intenção de crescer, firmar suas raízes,expandir seus galhos e dar frutos. Como fazer para crescer? Esta é a pergunta que pretendemos responder assim que começarmos a regar nossas ideias com ações.

Poesia de fio e pano                                                                               
Ana Nunes – Cinthia Sfoggia - Daisy Viola – Estelita Branco - Maísa Stolz - Miriam Tolpolar - Rosane Morais
 Vamos ‘costurar’ os espaços da Galeria Duque com trabalhos de mulheres que desenvolvem o seu fazer artístico usando fios que já foram tecidos, que ainda serão, ou não.
Apresentamos assim, uma maneira contemporânea de resgatar fazeres femininos do tecer, tricotar, crochetar, costurar tecido, pele, historias de vida.
 Vamos expor trabalhos de mulheres que usam o tecido como suporte ou meio.
Assim teremos tecidos, tramas texturas e linhas.30/07/2015















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